segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Cheiros do sertão


Na gangorra do pilão
 

Eu e tu, tu e eu

Amassando o milho,

Amassando o vestido,

Amassando mão...


Um cheiro aqui, outro acolá,

Caçulando o milho,

Caçulando um caçulinha,

Amassando o milho...


A janela está entreaberta,

Podes entrar;

O coração está escancarado,

Cuidado ao entrar...


No suor do rosto,

Na terra molhada,

Amassando o milho,

Caçulando o filho do teu amor ...


O cheiro, aroma de pão,

Aroma dos cheiros do sertão...

Quando acabar o milho,

Tem pilão para a gente caçular;

Tu e eu, eu e tu

Amor do meu patrão. 


Bete Diniz: poesia e foto.  Taperoá — Paraíba — Brasil.